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Fernando Solera: o camisa 10 da locução esportiva

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Em 05 de abril de 2025, o Museu do Futebol homenageou o grande Fernando Solera.

Lá estava um dos narradores do tricampeonato de 1970, rodeado de amigos e colegas, como Thiago Uberreich e Flávio Prado , profundos entendedores da arte do jornalismo esportivo e que conhecem muito bem nosso amigo em comum: Solera.

Resolvi então contar que foi graças a esse mestre da locução esportiva que entendi a essência do gênero. Foram muitas as vezes que nos encontramos nos corredores da TV Gazeta , com direito quase sempre a um bom papo e boas histórias. Colega de corredor, do espaço do cafezinho, nas diversas fases que estive nessa casa. Sério as vezes, mas quase sempre com um sorriso quando nos encontrávamos.

Em um 31 de dezembro estava no Edifício Gazeta, em plena transmissão da Corrida Internacional de São Silvestre. Resolvi espiar no estúdio como eram feitas as narrações. Em frente a um grande televisor, numa mesa, Solera e Celso Cardoso lá estavam transmitindo a corrida. Celso me viu de relance e acenou rapidamente para não perder a atenção às imagens. E o Solera? O que era aquilo! Parecia tomado de um espírito, como o treinador que fala ao ouvido do boxeador no canto do ringue, o treinador que à beira do campo motiva os jogadores. Era ele: o espírito de um grande locutor esportivo. Parei então pra ficar admirando a maestria ao microfone. Celsão com certeza concorda comigo: a seu lado estava um monstro sagrado da locução esportiva, vivenciando, sofrendo junto, sorrindo, vibrando, com os olhos atônitos para motivar cada atleta. Assim estava Fernando Solera que, para não perder o fôlego na sua irradiante eloquência, dava goles rápidos em um copo d’água na mesa.

Mesmo com décadas de experiência parecia estar ali com a vibração e o entusiasmo de um locutor iniciante como se fosse a primeira vez, como o maior torcedor e o melhor amigo de cada competidor. Descida da Consolação, subida da Brigadeiro, chegada a Cásper Líbero… meu Deus! Não saberia dizer se quem estava mais cansado era o corredor ou aquele experiente narrador que parecia ter percorrido quilômetro por quilômetro, puxando pra frente cada atleta.

Na linha de chegada a vibração final, que incrível! Celso ao lado que o diga, indo no mesmo pique que o Solera. Ali eu entendi o real sentido da locução esportiva, seja no rádio ou na televisão, na São Silvestre, no futebol ou em qualquer esporte. Da Bandeirantes a Gazeta, a esse mestre rendo também todas as homenagens. Fernando Solera é o camisa 10.

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