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As Memórias de Dona Lola

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Ao lermos “As Memórias de Dona Guiomar”, aqui neste site, é impossível não recordarmos desta época, já que a mídia televisiva foi e é brindada com uma descrição perfeita da década de 20, de 30 e 40. Estou me referindo a um dos recordes da teledramaturgia nacional: Éramos Seis. Que recebe o título da novela mais regravada, adaptada e que mais passou na TV brasileira em 50 anos. Nenhuma outra, por mais regravações que existam, chegam ao patamar de Éramos Seis.

‘Éramos Seis’ é inicialmente, um livro de Maria José Dupret, esposa do médico paulistano Dr. Leandro Dupré, livro publicado na década de 50 e que teve tanto sucesso na época, que chegou a esvaziar muitas vezes prateleiras das livrarias. A história se desenvolve a partir da descrição da vida de Dona Lola, incluindo o seu amor árduo pelo marido Julio e seus quatro filhos: Carlos, Alfredo, Julinho e Isabel. E o drama acaba depois do desenrolar das histórias do casal e do fim que tomou cada um dos seis familiares. Isto acontece numa época onde São Paulo começava a se industrializar e era tida como a “cidade do progresso brasileiro”, na época da revolução de 32, da 2ª Guerra Mundial e do Movimento Comunista.

Em 1958, a TV Tupi, canal 3 ainda, adaptava pela primeira vez o romance da Sra. Leandro Dupré. Porém, naquela ‘era’ da tv, as novelas só eram passadas às terças e quintas-feiras, sempre à noite. A primeira Dona Lola foi a atriz pioneira Gessy Fonseca.

Depois, quase dez anos passados, em 1967, a TV Record retoma a idéia da Tupi e faz um ‘remake’ de Éramos Seis, agora com Cleyde Yáconis no papel de Dona Lola, esta que até hoje está atuando por aí.

E a Tupi, agora com nome de Rede Tupi de Televisão, canal 4 de São Paulo, dez anos depois da versão da Record, 1977, lança a terceira adaptação de Éramos Seis, escalando Sílvio de Abreu e Rubens Ewald Filho para escreverem esta segunda versão da Tupi. Agora Dona Lola seria interpretada por Nicette Bruno, sendo que Julio, seu esposo, era Jean Franciesco Guarnieri.

E o SBT, parece que havia resolvido mostrar que Éramos Seis era propriedade do ‘canal 4’, pois em 1994, depois de vinte e quatro anos – nossa, quantos ‘4’ ! – após a falência da Tupi, recupera parte do arquivo da novela Éramos Seis, de 77, e também o roteiro desta última e o reutiliza, sem muitas modificações. E assim, Irene Ravache encarna Dona Lola e Othon Bastos é chamado para fazer o papel de Julio. E pela quarta vez desbanca a programação dos demais canais, atingindo 24 pontos de audiência e assustando a Globo, esta que havia tomado seu último grande susto em 90, quando a Manchete lançou o grande sucesso ‘Pantanal’.

Agora, reestreou nesta segunda-feira, dia 22 de janeiro, Éramos Seis, repetindo a versão do SBT, com Ravache. O que será que vai acontecer com Éramos Seis, esta novela que com contém uma magia especial para prender seu público, através de sua trama bem costurada? Será que o horário das seis horas, cuja novela global ‘O Cravo e A Rosa’ ocupa será desbancado por esta outra São Paulo, da Avenida Angélica, da Itapetininga, da Praça Buenos Aires, do MMDC?

Quem diria, que um dia, no mesmo horário, em canais alternados, São Paulo seria descrito, quase que na mesma época… Parece até um presente à São Paulo, pois bem nesta semana, completamos 447 anos de vida.

O recorde de Éramos atinge sua quinta transmissão, trazendo de novo São Paulo às telas. E agora os paulistas e paulistanos devem comemorar bem este aniversário tão merecido, ainda mais porque em muitos lugares de São Paulo, na maioria das casas, há sempre Dona Lolas cuidando da nossa vida, da nossa cidade e de nossos cidadãos, com carinho. Esta é a cara de São Paulo. E assim me despeço, só me restando falar a vocês uma coisa: parabéns, São Paulo!

Artigo publicado originalmente no portal Sampa On Line – coluna “Comunicação”, de Elmo Francfort, em 25 de janeiro de 2001 – http://www.sampaonline.com.br/colunas/elmo/coluna2001jan25.htm

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